Aquarela de poesias

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Poesias para você

sábado, 12 de dezembro de 2020

ABRACE

ABRACE


 ABRACE!

Um gesto comovido e comovente é o que desperta a percepção de um abraço caloroso.
As famílias de antigas gerações não tinham o hábito de abraçar seus filhos e havia uma distância natural entre ambos, em razão da forma de tratamento exigido. Devido aos costumes de uma época de peculiar respeito, sem contestação às ordens dadas, pelos progenitores, as relações familiares traziam temor aos lares e menos demonstração de amor, embora esse estivesse presente, já que havia preocupação de atender os filhos nas doenças, nas tarefas escolares, nas necessidades básicas.
Em determinadas culturas os pais não beijavam seus filhos homens.
Hoje, tantas décadas depois, os abraços se limitam às festas de final de ano, às comemorações de formatura ou casamento, aos encontros de amigo oculto, uma tradição cultivada nas relações de trabalho, entre outras ocasiões. Mas esses são abraços formais e de cunho social.
As famílias modernas estão se tornando pouco afetivas e seus componentes, seres individualistas e afastados da casa paterna.
É certo que os pais buscam a sobrevivência e precisam atender às necessidades dos filhos. Mas o capitalismo desenfreado leva ao píncaro da ambição, do desejo de poder e fama, em detrimento dos valores e princípios essenciais.
Ficaram no esquecimento as histórias, o jogo de tabuleiro, os passeios em família, as brincadeiras, o carteado e demais atividades que permitem uma comunicação real e necessária, ao saudável desenvolvimento do ser humano.
Meu marido, criado em família italiana, tinha grande dificuldade em expressar seus sentimentos.
Quando minha filha obteve aprovação no vestibular para cursar Engenharia Mecatrônica, ele estava ouvindo rádio e escutou o resultado das provas e a respectiva lista dos calouros.
A reação dele foi inesperada, pois saiu pela casa pedindo que eu fosse abraçar a filha.
E chamou também a secretária que me auxiliava com os afazeres domésticos:
- Ana, Ana, vem ligeiro dar um abraço na Tati.
Abraçamos a Tati que ficou surpresa, pois não sabia, ainda, dos resultados das provas.
Então, meu marido se aproximou, deu-lhe um pálido abraço e disse algumas palavras, reconhecendo seu esforço e desejando-lhe uma carreira promissora.
Quando eu chegava em casa, voltando das férias na casa dos avós maternos, corria para minha mãe e a abraçava com força. Ela me acolhia bem. Mas quando voltava de um passeio da Escola,com duração de um só dia, se fosse abraça-la, ela reagia, algo inquieta:
- Por que tantos abraços. minha filha?
Refletindo sobre esse fato, não foi difícil perceber que também declinei de infinitos beijos e abraços que deveria ter dado em meus filhos.
Certa ocasião perguntei para minha neta:
- Qual foi o seu melhor sonho?
- Ah! vovó, foi quando sonhei que minha mãe me pedia para sentar no colo dela para me dar um abraço bem apertado.
Lembro-me de que por ocasião da noite de Natal do ano passado, quando os relógios anunciaram a meia noite e nos abraçamos, durante a ceia, meu neto disse:
- Convido todos vocês para dar um abraço coletivo para festejar essa reunião em família e agradecer a Deus por estarmos juntos.
Ao ouvir essas palavras, formamos uma grande roda e colocamos nossos braços ao redor dos ombros, à direita e à esquerda, para envolver num grande abraço, as pessoas ao nosso lado.
Meu neto ficou radiante, não se conteve, e falou, revelando o seu mais belo sorriso:
- Valeu!
KATIA CHIAPPINI
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