E cobriu os olhos com imensa dor
Lembrou dos cabelos ondulando ao vento
Que outrora penteava ao toucador
Era cortejada, altiva, confiante
E no andar revelava as pernas perfeitas
Os olhos amendoados, cativantes
Semeavam paixões aguardando a colheita
Ao olhar para os seios tamanhos
Lembrou que não mais rompiam nenhum botão
Nem escapavam do roupão de banho
Nem dispensavam os arcos de sustentação
A pele de veludo, o corpo bem torneado
Que já provocou suspiros e emoções
Não mais existe, só é abraçado
Pelos familiares ,em festivas ocasiões
A silhueta já não provoca paixões
Os olhos opacos não fixam outros olhares
Os lábios já não têm mais razões
Para serem colhidos como frutos nos pomares
Olha pela janela ,escuta a porta se abrir
Ninguém a esperar para ocupar o travesseiro
Percebe, iguais, os dias a se repetir
E lembra, com saudade ,do amor primeiro
Não colhe mais flores, não usa perfume
Não acende a vela, não escolhe o vinho
Onde está o grande amor a demonstrar ciúme?
Evaporou como as cinzas, está em outro ninho.
Remexe nas fotos do álbum e se consome
Na caixinha de jóias ,nos vestidos de festa
Nos lençõis bordados com a inicial do nome
No diário esquecido ,no violão da seresta
Nas cartas de amor, há muito, amareladas
Nos presentes que um dia, um jovem lhe ofertou
Nas folhas secas ,entre os livros, guardadas
Nos cartões postais que seu amor lhe enviou
Subitamente esquece os desenganos
E ao olhar-se no espelho pelo sorriso se ilumina
Só não tem mais vinte ou trinta anos
Mas se descobre uma bela figura feminina
dezembro de 2007
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