Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O elevador

Conhecemos a utilidade do elevador. É um dos companheiros de nosso dia a dia: uma necessidade.
Algumas vezes ,somos deles retirados,sem maiores problemas, na falta de luz ou mau contato da porta.
A única vantagem de não utilizá-lo, é poder pagar menor taxa de condomínio ,quando moramos em prédios  de poucos andares, ou no andar térreo, quando somos dispensados de ônus. De resto ,os elevadores, de todos os formatos, aí estão, para colaborar em tese, com nosso conforto. E não conseguimos nos locomover por muito tempo,sem precisar utilizà-los.
Mas , nesse pequeno espaço, onde cabem, em média, 10 pessoas, podemos observar a impaciência indisfarsável que toma conta das pessoas que nele transitam. Esta se revela nos gestos, nos olhares, e paira no ar uma pálida energia e uma tênue sombra no ambiente. A impaciência se revela também na fatídica frase: está subindo...quando o elevador pára em determinado andar, e a pessoa que quer descer ,
faz menção de entrar para pegar carona.
Se a criança brincar com os botões, antes que os pais possam advertí-la, ouvem-se as reclamações dos ocupantes do elevador, de imediato.
Os introvertidos fixam os olhos nos próprios pés ou no teto, ao mesmo tempo que deslocam a mão ,de um para o outro lado ,dos bolsos da roupa.
Os extrovertidos falam sobre o tempo, futebol, política, isso quando não perturbam com  conversas
fúteis.
Os paqueradores, e existem, observam suas possíveis presas de cima a baixo, aguardando qualquer sinal para avançar.
Outros ocupantes do elevador encaram, uns aos outros, observando roupas, sapatos e os mínimos detalhes que não lhes dizem respeito.
Há os que exalam o peculiar bafo de onça e os que não estão em dia com a higiene do corpo..
Há os que se negam a dar um passo para trás e permanecem ,como estátua ,atravancando a passagem.
As pessoas não são amistosas quando estão no elevador. Cada qual preocupa-se com suas tarefas e assuntos pendentes, que até o final do dia precisam ser solucionados.
E há o momento do estouro da boiada, quando a porta se abre no andar do crediário das grandes lojas.
Eis que a demora  em deixar o elevador, implica na morosidade para pagar os carnês, nas caixas registradoras, onde a fila é , no mínimo, desestimulante.
Outra situação não menos agradável ,se impõe quando estamos atrasados para a consulta médica, e nos deparamos com a conversa despreocupada, de algum morador, de outro andar, que não solta a porta do elevador.
Nesse momento ,contenha-se e mantenha a calma ,para preservar as boas relações com a vizinhança.
E o elevador de serviço?
Este tem o agravante de conter restos de lixo, nos finais de semana, líquidos adocicados que grudam nos sapatos, em decorrência de uma  precária  higiene. E mal temos tempo de analisar esses fatos quando sentimos um líquido quente em nossos pés; o do cachorrinho da madame ,que não conseguiu chegar até a rua para se aliviar. Isso se não se grudar em nossos calcanhares, interpretando algum gesto nosso como  provocação.
Por vezes ouvimos o desabafo da empregada doméstica, quando é gentilmente convidada a transitar apenas pelo elevador de serviço, sem entender o porquê.
Bem , não nos cabe enveredar por esse tema: o faz , com a devida propriedade, o legislador.
Antes nos seja lícito adotar novos olhares para reformular  a política de boa vizinhança, que deve ocupar, entre outros, o espaço de um elevador.
De qualquer modo, se nos considerarmos invadidos ou constrangidos, entre as quatro paredes, podemos optar por utilizar a escada, que além de  nos socorrer, nos convida a exercitar o corpo.
Os médicos , sensiblizados, nos agradecerão, já que enfatizam o uso da escada para fortalecer o músculo cardíaco.
As escadas beneficiarão corpo e alma. Estas, reconquistando a serenidade, que perdemos no elevador, nos farão pensar em restabelecer a harmonia perdida.
Sobretudo,  em relação àqueles,  que  não respondem ao nosso cumprimento cordial, quando no  elevador, e muito menos se permitem sorrir- e pior que tudo- não aprenderam a pronunciar, simplesmente:
_Bom dia!
                       
                                        katia
                                                    

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