Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 4 de fevereiro de 2024

MINHAS VELHINHAS!

                       MINHAS VELHINHAS

    

Tenho um grupo de amigas de terceira idade que aprecia ouvir poemas. Sugeri a elas que poderíamos nos encontrar um dia por mês para ler meus poemas, já que minha coleção se avoluma.

Somos em 5 pessoas. Cada uma de nós comprou um licor, uma porção de nozes, outra de castanhas e completamos o cardápio com amendoim. 

Entre um e outro poema, nos revezávamos para interpretar o texto lido e tentar descobrir a intenção revelada nas pautas.

Uma das amigas queria ser a primeira a comentar o que ouvira, fazendo questão de me perguntar se estava correta sua interpretação.

Ficávamos lembrando detalhes de nossa infância e juventude, de nossos namorados, dos vestidos rodados, e tudo o mais que os temas abordavam com descontração e leveza.

O licor aquecia as tardes de inverno e uma lareira deixava o ambiente mais aconchegante.

Eu deixava em aberto a pauta do dia. Assim, quem quisesse declamar, dissertar sobre os temas, sugerir alguma ideia inovadora, podia se pronunciar e opinar.

Para mim era um motivo de satisfação apresentar meus poemas e pedir algumas opiniões que pudessem enriquecer os textos.

A cada mês era feito um rodízio  para oferecer a casa. 

Entre um poema e outro servíamos um chá com bolachas e fazíamos uma pausa para descansar a voz.

Para que todas interagissem, eu ia conduzindo nosso tema de casa e deixando algumas mensagens bem claras que os poemas sugeriam. E direcionando as participações de modo que seguissem uma dinâmica aceitável.

Ao ler um poema, sentíamos que voltávamos ao tempo das fadas e duendes que nossa imaginação criava para nutrir a alma.

Ao entardecer deixávamos a louça lavada e cada objeto em seu lugar.

O tempo passava rápido mas era bem aproveitado. Estreitávamos os laços de amizade. Deixávamos o momento fluir e a imaginação viajar nas laudas poéticas.

Eu sugeria que em cada reunião alguém declamasse um poema de sua preferência, buscando Mário Quintana, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, entre outros ilustres.

Assim, durante alguns anos, eu e minhas velhinhas comungávamos desse momentos interativos.

E eu sentia que a presença delas me trazia serenidade e gratidão.

Era feita uma troca de energia e todas nós saíamos fortalecidas desses encontros.

Minhas velhinhas já partiram para o outro plano. Mas, ainda preenchem meu coração porque deixaram presença na alma.

Sempre que quisermos amor, temos que saber nos doar para colher os frutos dessa dedicação.

Quem ama e ajuda o próximo, tem seu lugar reservado junto a Deus.

Que a poesia não deixe de brilhar em nosso interior.

Que as mensagens deixadas no poema possam ser acolhidas pelos homens de boa vontade.

Que o poeta seja uma eterna presença a nos encantar e fazer sorrir.



KATIA CHIAPPINI


 

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