TEMPO DE MAGISTÉRIO

                 TEMPO DE MAGISTÉRIO

Quando eu lecionava na Escola Leopolda  Barnewitz, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, lembro que havia uma preocupação de preparar criteriosamente cada aula .A pedagogia aplicada deveria ser uma preocupação constante do professor.

Como eu lecionava Matemática, precisava de silêncio completo para expor os conteúdos, por vezes, complexos.

Em certa ocasião, um aluno mais imaturo começou a implicar com seu colega, jogando nele, aquele aviãozinho de papel, outro e mais outro. E ria alto, distraindo a turma toda.

Chamei atenção e parecia nem ligar, continuando a perturbar.

Cheguei junto ao lugar do bagunceiro e dei-lhe um apertão forte no braço. Ele me olhou, se assustou, nada disse e ficou quieto.

Mas, ao sair para o recreio, foi reclamar de minha atitude para a orientadora da escola.

Ela ouviu com toda a calma , olhou para o aluno e disse:

- Vá para a aula, rapaz, Não acredito nisso. A professora Katia é a suavidade em pessoa. E nem levanta a voz.

O aluno voltou para a aula e não retrucou.

No final, quando todos deixaram a sala de aula, ele se aproximou da mesa onde eu ainda estava e contou-me como foi a reação da orientadora.

Comecei a rir e ele também.

Então falei:

-Quer dizer que de outra vez posso dar um beliscão bem caprichado?

Ele respondeu, ainda com ar de riso:

-Não professora, vamos entrar num acordo.

Dessa data em diante não tive mais problemas com o aluno. Ao contrário, ficamos grandes amigos.

KATIA CHIAPPINI