Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 13 de abril de 2021

ADOTEI O PIANO E A POESIA

ADOTEI O PIANO E A POESIA


 ADOTEI O PIANO E A POESIA

KATIA CHIAPPINI
Após ver meus filhos criados e obter minha aposentadoria no magistério, tirei de um baú mágico, todas as poesias que acumulara por longos anos ,na escuridão deixadas, abafadas e sofridas.
Selecionei algumas delas e na maturidade e iniciei um blog autoral.
Foi ideia de minha netinha, aos 9 anos de idade, me presentear com uma página. Pensou em vê-la recheada de poemas: dos meus poemas antigos e trancafiados por tantos anos.
Com surpresa percebi que ela enfeitara a página de modo a me encantar com as imagens , vídeos e uma diagramação cuidadosa.
Comecei a escrever, após breve explicação da netinha ,meus primeiros poemas selecionados, com a orientação devida.
Na outra manhã, ao abrir a página''inspirações'',deparei-me com muitos acessos aos poemas, o que me deixou admirada e feliz.
A página tinha sido percebida e lida, quase que imediatamente.
Passei a escrever com frequência para não perder os leitores e nem o estímulo que me acometera.
Após 5 anos incompletos, verifiquei a contagem de 280.000 acessos na página.
Meu blog se tornou visível e me permitiu descobrir que eu havia adotado a poesia.
O piano é minha outra paixão, desde a infância.
Estudei por anos e anos e passei a lecionar a terceira idade, preferencialmente.
Essas duas atividades me adotaram também. E há uma reciprocidade que compensa todas as consultas para escrever e todos os exercícios que meus dedos se empenham em praticar, para aprimorar o toque.
Passei a me apresentar em eventos quando solicitada.
Percebi que o músico é gente boa, simples,sem muitas exigências. E sabe sorrir.
Percebi que os poetas comunicam as horas alegres e tristes, mas de um jeito próprio que nos leva a não desanimar na trajetória.
Eles mesmos são batalhadores ,guerreiros por natureza e cientes das dificuldades que enfrentam para se manter, sem o apoio dos governantes que pouco se preocupam com a arte e a cultura do país.
Poesia e música são artes que elevam o espírito, comungam da dor alheia, alimentam sonhos e esperanças, fortalecem a fé.
Poesia e música necessitam que se viva com intensidade e paixão.
Deus deu esse dom a poucos, mas estendeu os benefícios a muitos.
Cada frase se ilumina e cada acorde musical se amplia e transcende a razão.
Ao entardecer, ao piano, penso ouvir Chopin me pedindo que toque as suas valsas com sensível interpretação.
Ou Mozart me dizendo que não toque tão rápido para não deixar os dedos escorregarem nas notas,sem marcar o ritmo.
Ou Tchaikowsky me implorando que toque a Vasa das Flores como se quisesse deixar exalar um perfume sutil para inebriar as rosas de algum jardim.
Ou Bach se exclamando e me pedindo para manter o ritmo acelerado de suas composições.
Ao acordar a inspiração me leva a escrever um poema antes de fazer o lanche matinal.
O espírito dos grandes poetas parece me envolver por inteiro e me deixo levar pelas rimas de minha estima.
Mário Quintana me aponta o seu livro de histórias para crianças para que leia aos meus netos.
Saramago me faz ficar triste com o seu livro comovente: ''Ensaio sobre a cegueira'.'
D.Quixote de la Mancha me convida a sonhar com seu mundo fantástico, inventivo e irreal. E Dulcineia, sua amada, parece que não o acolheu.
Mas agora toco, ao piano,''Adios Nonino'' de Piazzolla, uma das melodias mais belas para ouvir em silêncio, ao luar ou na rede de alguma varanda, ao cair da noite.
O sentimento fala enquanto a razão, por vezes, se cala.
Entre o poema e o toque do piano vou construindo um mundo encantado, onde o mel afasta o fel, onde a rosa se faz mais bela e nem se importa com alguns espinhos que possam, por ventura, feri-la, onde a imaginação voa ao longe e recolhe as melhores lembranças que possamos ter. Algumas já vividas, outras sonhadas.
Há uma simbiose divina entre música e poesia e uma se vale da outra para se emoldurar e se completar no mundo artístico.
Adotei acordes e mais acordes, sons e tons maiores e alegres e os menores e mais tristes. Conheci as dores diminutas e as alegrias aumentadas.
Adotei o adágio,o presto e o prestíssimo, na tentativa de interpretar canções, baladas, chorinhos brasileiros, tangos e boleros portenhos.
E adotei a batida de bossa-nova para lembrar João Gilberto e demais seguidores.
Adotei rimas de minha especial estima, contos, crônicas, relatos breves, minicontos, historietas e narrativas do cotidiano que observo em minhas andanças.
Adotei todo esse povo de tribos diversas que encontro em meu blog, nos grupos do Facebook, nos e-mails que recebo, nos comentários gentis que me acolhem nessa caminhada literária.
Estou cercada de outros poetas de especial estirpe e de uma conduta literária ilibada.
Mesmo não tendo firmado regras para os participantes dos grupos que administro no Facebook, jamais me deparei com termos grosseiros, nem com falta de respeito, de uns para com os outros colaboradores diários, que se agregaram, ao longo do tempo, com suas postagens e mensagens.
Hoje,dia 14 de março, é o dia da poesia. E não poderia deixar de me referir a essa data que revela civismo, simbolismo e, eu diria, um certo atletismo intelectual e insano, em busca de rimas ricas, de temas palpitantes, românticos. E de outros, que visam elevar a autoestima e a fé indispensável à vida.
Adotei ainda, e com especial satisfação, todos os leitores dos grupos que administro no Facebook. Adotei os seguidores do blog ''inspirações'' como filhos diletos, como uma extensão de minha vida, como garantia de manter o espírito interligado ao belo.
Dedico esse texto aos meus inúmeros leitores, aos amigos que me dirigem palavras de entusiasmo. E a todos quantos já me disseram que precisavam ler aquelas palavras que postei na hora que iriam lhes servir de consolo. Sabem, as vezes, uma palavra vem no texto mas escorrega para o coração e o preenche, traz um novo olhar e uma crescente energia : latente e sempre presente em nosso eu essencial.
Adotei a poesia e a música como lenitivo, fonte de tranquilidade e paz.
Poesia é um sopro de brisa suave, que só a alma entende e a felicidade acolhe.
E a música é a irmã da poesia, visto que a completa harmoniosamente!

KATIA CHIAPPINI
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Adélia Einsfeldt, Elizabeth Remor e outras 32 pessoas
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