Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 4 de abril de 2021

MÁQUINA SINGER

MÁQUINA SINGER


 MÁQUINA SINGER!

Minha vovó costurava numa máquina Singer, modelo original, de madeira, com gavetas, com sistema de pedal, para trabalhar com os pés.
Minha mãe e minhas tias também costuravam em casa porque vovó ensinou esse ofício para todas as 4 filhas mulheres.
Mas minha mãe aprendeu sozinha, só de observar vovó costurar. E mamãe criou uns moldes de jornal com as medidas de quem lhe pedia roupa e assim começou a aceitar algumas encomendas. Mas seu prazer maior era fazer a própria roupa e criar os modelos que lhe caiam bem.
E mamãe saía para passear, quando adolescente e chamava a atenção pela beleza das roupas e de sua postura elegante.
Anos depois, quando eu fui à Livramento, terra que acolheu minha mãe, as pessoas me chamavam na rua para comentar sobre os traços finos dela e sobre sua figura elegante.
Todas as minhas tias costuravam na máquina Singer, mas mamãe desenvolveu essa arte e se destacou pelo bom gosto das peças que produzia.
Ela confeccionava lindos chambres de quarto, longos, em cetim, ou seda, de modo que se assemelhavam aos vestidos feitos para serem usados, socialmente, em grandes ocasiões, tal o efeito deslumbrante que produziam..
Depois de uns anos surgiu a máquina Singer elétrica, bem pequena, ao contrário da manual, que era um móvel considerável.
Mas minha mãe ainda continuava a usar a máquina manual, intercalando o seu uso com a elétrica.
E a máquina de madeira deu a minha mãe a oportunidade de se empenhar em confeccionar meu vestido de noiva, anos mais tardes, quando eu estava de casamento marcado.
Fez um vestido branco, com cauda longa ,com bordados na frente e nas mangas. E levou mais de um mês para terminar sua melhor obra. Havia saia de armação e mais uma saia de forro para dar o volume para a saia rodada.
Bem mais tarde, minha mãe teve a ideia de ,transformar a máquina em outro móvel. Aproveitou a sua base e colocou uma tábua grande de madeira nobre, para servir de mesa para a sala de jantar.
E meus filhos e netos, quando pequenos, gostavam de ficar pedalando para brincar.
E minha mãe, no tempo das costuras, dizia que a máquina era excelente para movimentar as pernas e evitar problemas circulatórios.
Ao postar uma máquina Singer em meu Facebook, tive a surpresa de ver os acessos, compartilhamentos, comentários e curtidas que provoquei.
As pessoas , homens e mulheres, se manifestaram dizendo que suas mães e avós também costuraram numa Singer.
Percebi que estava falando de uma raridade, mas que foi muito útil em tempos idos, quando as famílias costuravam em casa, bem mais do que compravam as roupas prontas nas lojas.
Minha tia que morava numa estância, em Santana do Livramento, fez até as campeiras dos homens, bem como aquelas calças de gaúcho com ''favo de mel'' nas laterais.
Eu me criei vendo essas máquinas por todo lado: nas casas vizinhas, nas de minha família.
Se fosse fazer uma comparação, eu diria que essas máquinas eram tão preciosas como os fogões à lenha, que, desde cedo, já ferviam a água para o chimarrão matinal.
Minha mãe gostava de comentar essa história de que aprendera sozinha, como verdadeira autodidata, essa arte da costura.
E o primeiro vestido que fez para ela própria despertou a atenção de minha vovó que a elogiou pelo feito, dizendo:
- Parabéns, minha filha, agora já podes casar!
KATIA CHIAPPINI
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Maria Rocha e Ana Lucia Dalmas
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